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quinta-feira, 19 de julho de 2007

Exposição - Modernismo à mostra - local Ceará

FONTE:

Guilherme Cavalcante

Da Redação

Apresentando mais de 20 artistas de vanguarda modernista, Recorte Modernista, exposição na Galeria Artefacto, reúne obras raras de artistas como Portinari, Di Cavalcanti, Volpi e Aldemir Martins

Mulata da esperança, de Di Cavalcanti, tela mais cara à venda na exposição Recortes Modernistas (Foto: Talita Rocha)
Mulata da esperança, de Di Cavalcanti, tela mais cara à venda na exposição Recortes Modernistas (Foto: Talita Rocha)
Um pequeno salão de dois ambientes e com paredes brancas, agora preenchidas por obras de mestres das artes pláticas, é o cenário de uma exposição que apresenta a força da vanguarda modernista brasileira. Recorte ­Modernista, com curadoria do artista plástico José Guedes, é a um exposição que traz arte não só para apreciação, mas, também, para o mercado de obras artísticas, na galeria Artefacto. São, ao todo, 24 peças em exibição, de 21 artistas, quase todos brasileiros ou naturalizados, a exemplo de Aldemir Martins, Volpi, Antonio Bandeira, Di Cavalcanti, Bruno Giorgi, Djanira, Cândido Portinari, Cicero Dias, Emeric Mercier, Inimá de Paula, Ismael Nery, Tikashi Fukushima e Wakabayashi. A exposição ganha participação especial de nomes como Salvador Dali e Joan Miró, que também ambientam a pequena galeria.

Recortes Modernistas é uma exposição que, mesmo numa galeria comercial, tem sua importância, até porque as peças faziam parte de acervos particulares. O curador, José Guedes, ressalta que são raras as exposições comerciais que reúnem tantas obras raras no Ceará. “Eu não me lembro de ter visto uma exposição numa galeria comercial reunindo tantos artistas importantes. Realmente não me lembro de algo deste porte”, diz.

Além do propósito de vender as peças, a exposição também se destina à apreciação. Guedes foi cuidadoso em escolher peças que tivessem elementos em comum, cujo fio condutor é representado pelo modernismo nas artes plásticas. “A idéia da exposição surgiu através de um acervo que estava disponível. Estamos trabalhando a exposição há três meses. O Escritório de Arte, que trabalha garimpando obras raras, reuniu essas e vária outras, apresentando, inclusive, algumas coisas contemporâneas. Dentro disso, selecionamos apenas peças da arte moderna e fechamos na temática da Modernidade brasileira”, explica.

O grande diálogo entre os artistas de Recortes Modernistas é o próprio Modernismo. Porém, muitas das obras em exibição são de momentos únicos dos artistas, o que faz da exposição algo raro de se ver, já que, muitos deles, alcançaram amplitudes bem maiores e ultrapassaram o estilo, inaugurado, no Brasil, a partir da Semana de Arte Moderna de 1922. “A gente conta a arte contemporânea de meados dos anos 50 pra cá. Mas esses artistas têm uma carreira iniciada bem antes disso e esse é o elemento em comum que eles têm. Toda a afinidade que eles apresentam é com essa vertente moderna e foi quando a arte deu uma guinada”, diz Guedes.

Guedes explica que algumas das peças são mais especiais que as outras. Ele destaca algumas obras e explica que elas, por serem raras, possuem um valor maior. Além disso, essas obras retratam o processo de maturação do artista. “Existem dois desenhos do Aldemir Martins que chamam atenção. É curioso porque é um Aldemir que ainda não tinha chegado na sua caligrafia final, isso na década de 1940. É um trabalho que está na gênese da caligrafia do ­artista, e isso faz dela uma obra rara”.

O valor das peças varia de R$ 2 mil a R$ 120 mil. A exposição está disponível para visitação a partir de hoje. No entanto, mesmo depois de adquirida, a peça continua em exposição até dia 3 de agosto, quando a mostra será desmontada.


SERVIÇO

Exposição Recorte Modernista, com abertura hoje, quinta-feira (19), a partir das 19h, na galeria Artefacto do Salinas Casa Shopping (avenida Washington Soares, 909, loja 11 - Edson Queiroz). A exposição permanece em cartaz até 03 de agosto, de segunda à sábado, das 10h às 20h. Mais informações: 3241-1018.


E-MAIS

As Obras

Di Cavalcanti, Aldemir Martins e Volpi são as meninas dos olhos do curador, José Guedes. Ele explica que as peças Mulata da Esperança (de Di Cavalcanti), Coruja (de Aldemir Martins) e Ogiva (de Volpi) são, talvez, as mais especiais, tanto pelo porte dos artistas como pela fase retratada nas telas. Mulata da esperança, por exemplo, lidera a galeria como a mais cara: custa R$ 120 mil. A tela de Volpi traz as tradicionais bandeirinhas, mas esconde a retratação de uma ogiva nuclear. Já Coruja de Aldemir Martins foge totalmente dos gatos, caçadores, cangaceiros e rendeiras, características de Martins.

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