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sexta-feira, 31 de outubro de 2008

O designer precisa ser versátil para conquistar o mercado, diz Bruno Porto ao Voz da Experiência

Fonte: http://oglobo.globo.com/educacao/mat/2008/10/13/o_designer_precisa_ser_versatil_para_conquistar_mercado_diz_bruno_porto_ao_voz_da_experiencia-585919252.asp


RIO - Para o designer Bruno Porto, um dos grandes desafios para conquistar o mercado de desenho industrial é ser versátil. "São tantos os campos de atuação que recomendo experimentar de tudo um muito", brinca.
Por outro lado, o profissional de 37 anos - formado em Desenho Industrial e pós-graduado em Gestão Empresarial/Marketing, com passagem pela School of Visual Arts, em Nova York - aprendeu que é impossível jogar nas 11 posições. "Chega uma hora em que é preciso escolher um caminho e investir numa especialização", garante ele, que se dedica principalmente ao design gráfico e à ilustração.
Mas isso não é tudo. Ter boa cultura geral e passar um tempo fora do país também estão na lista de dicas do designer. Não é à toa que ele atualmente vive em Xangai, na China, onde leciona no renomado Raffles Design Institute.
Como está o mercado de trabalho? E o que faz um profissional da área? (Thais Pereira)
BRUNO PORTO: Nunca se falou tanto em design no Brasil como hoje, o que significa que o mercado anda muito promissor. O desenho industrial se divide basicamente em design de produto e comunicação visual, conhecida também como design gráfico. O profissional pode desenvolver projetos de vários segmentos (de revistas a luminárias, passando por estampas de camisetas e letreiros de marcas de roupas) de forma única e exclusiva ou em larga escala.
" Nunca se falou tanto em design no Brasil como hoje, o que significa que o mercado anda muito promissor "
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Qual área oferece mais oportunidades: design gráfico ou de produto? (Nathany Santos)
BRUNO: Isso depende muito da geografia. Um designer que quer trabalhar com embalagens, por exemplo, terá mais chances numa cidade onde o setor industrial esteja aquecido.
Saiba mais sobre a profissão
É necessário saber desenhar para ingressar na carreira? (Patrícia Mello)
BRUNO: Para o designer, o desenho não é um fim, como pode ser para o ilustrador, mas o caminho pelo qual se concebe um conceito, que depois pode ser desenvolvido no computador. Desenhar ajuda a visualizar qualquer coisa que você queira imaginar. Não é imprescindível saber, mas ajuda.
Como o desenhista industrial pode se manter atualizado? (Aline Rebelo)
BRUNO: O desenho industrial é uma profissão muito generalista: num dia se desenvolve uma embalagem de uísque, no outro uma de chocolate. Por isso é preciso ter cultura geral, o que só se consegue lendo, de preferência sobre outras coisas que não design, como negócios, literatura, arquitetura, quadrinhos e até culinária. Assinar publicações especializadas sempre rende boas idéias, bem como assistir a palestras, participar de workshops e fazer cursos de extensão.
O que você acha dos designers brasileiros que sonham em trabalhar no exterior? E quais conseqüências isso pode trazer para o mercado brasileiro? (Marcelo Casé)
BRUNO:Viajar para qualquer lugar é sempre uma forma de aprender e experimentar outros pontos de vista, o que acaba contribuindo para o desenvolvimento do design brasileiro, seja pelo intercâmbio de linguagens, pela abertura de novos mercados ou pela troca de informações. Mas para isso o inglês tem que estar em dia. E é necessário estar disponível para viajar.
Qual dica você daria para quem acabou de se formar e ainda não possui experiência? (Thiago Fonseca)
BRUNO: É muito importante ter contato com a prática ainda na faculdade. Minha dica é: consiga a experiência. Pode ser estágio, monitoria, serviço de assistente... Vale tudo!
Gostaria de saber a sua opinião a respeito do design a partir de uma perspectiva sócio-ambiental. Até que ponto é possível desenvolver projetos sem agredir o meio ambiente? (Marcos Monteiro)
BRUNO:Na minha última viagem ao Brasil fiquei feliz de saber que, em muitos cursos do Rio, já existe a preocupação em orientar os futuros desig$a terem mais consciência para escolher e medir a quantidade de tintas e os tipos de papel. Buscar outras alternativas, como as digitais, também é uma excelente saída.
Por que até hoje a profissão não possui sindicato e não é regulamentada? (Eliane Juncal)
BRUNO: Acho que tem a ver com a diversidade dos campos de atuação. O que o designer de jóias busca não é o mesmo que o webdesigner, pela natureza dos seus projetos. Esse desencontro de interesses acabou por gerar propostas de regulamentação equivocadas que foram facilmente derrubadas. Mas acredito que a cada geração de profissionais formados cresce a chance de chegarmos a um entendimento.

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Transparência e design afetivo

Atração e repulsa, para bem, para mal.
Evolução da transparência do iMac

Esbarrei no HD externo de meu amigo, caiu no chão e quebrou a cabeça de leitura. Lá se foram 80 GB de dados, alguns sem backup. Para recuperar, somente mandando numa oficina cirúrgica, que cobra o olho da cara. Outro amigo que presenciou a cena tentou consolar: "olha só, é um problema de Usabilidade: o cabo de USB soltou na queda, mas ele poderia ter segurado, poderia ter uma trava". Claro que isso não diminuiu meu sentimento de burrice nem um pouco.

Levei num técnico especializado em reparo de hard-disks e descobri um submundo. Na oficina dele, haviam centenas de HDs esperando para serem consertados. Diz ele que o negócio tá crescendo muito porque os fabricantes competem em quantidade e não qualidade, ou seja, vale mais à pena fazer dois HDs meia-boca do que um de qualidade.

Tudo bem que eles são obrigados a trocar um HD defeituoso na garantia, como é o caso do meu amigo, por um novo, mas a maioria das pessoas não sabe disso e simplesmente joga fora o HD defeituoso.

Na opinião do técnico, HDs externos como o do meu amigo não são adequados para a mobilidade que os fabricantes propõem, já que não tem resistência alguma a quedas e sacudidas.

Coincidência ou não, o HD que caiu era igualzinho ao da propaganda abaixo e estava exatamente na mesma posição quando esbarrei. Nunca faça isso, pois a probabilidade de cair quando você usar o teclado do laptop é muito grande.

Propaganda WD Passport

O técnico me disse que quando as pessoas manipulam um HD interno elas são super cuidadosas, mas quando está num case USB, como no HD externo, elas tratam com o mesmo desleixo da garota propaganda acima. O case parece tão confiável e robusto que você pode até carregar no bolso.

HD de bolso!

O técnico disse que algumas pessoas nem sabem que dentro do case tem um HD comum, menor e mais delicado. Acham que é só um pendrive grandão...

Quem sabe se o case fosse transparente, as pessoas não tomariam mais cuidado? Fiz um modelo rápido de como ficaria isso no Google Sketchup, juntando modelos prontos criados por usuários. Primeira vez que mexi nesse software. Achei super-fácil, mesmo para quem nunca modelou nada em 3D.

HD externo com case USB

A Western Digital até tem um modelo de HD interno com case transparente, mas é focado no público Geek que supostamente seria curioso para ver as entranhas da máquina funcionando. Para o público leigo, a transparência inspiraria não curiosidade, mas medo. Venderia muito menos, mais duraria muito mais.

Por outro lado, a transparência física poderia contribuir para uma imagem corporativa de transparência com o consumidor. A Apple conquistou uma legião de adoradores quando lançou os iMacs com case translúcidos multi-coloridos. Johnattan Ive diz que foi numa fábrica de doces para se inspirar no uso da transparência no design. A técnica fez tanto sucesso que foi copiada em diversos produtos eletrônicos e, mais recentemente, produtos de plástico em geral.

Evolução da transparência do iMac

Transparência é um poderoso recurso para o design afetivo. Pode causar atração ou repulsão, ensinar ou alienar, diferenciar ou homogeneizar, dependendo do caso. Essa característica ambígua demonstra como a escolha de materiais no Design não é algo trivial, mas envolve questões psicológicas e comportamentais bem complicadas, mas com grandes perspectivas de retorno.


Autor

Frederick van Amstel - Quem? / Contato - 24/09/2008